quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

38ª Romaria da Terra e 10° Acampamento das Juventudes do Campo e da Cidade.


Se ao povo de Abraão a terra tão esperada foi oferecida na promessa de Deus “Eu darei esta terra à sua descendência”, aos romeiros e romeiras de hoje, o compromisso se renova a cada ano. Marcada pela luta contra as injustiças e em busca da vida abundante aos pequenos da terra, a 38ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul reuniu milhares de pessoas nesta terça-feira, 17, em David Canabarro.

Solo sagrado, terra mãe de resistência, a cidade é marcada essencialmente pela agricultura familiar, realidade também de muitos locais da Arquidiocese de Passo Fundo, que conta com muitas iniciativas semelhantes e foi ventre e berço de diversos movimentos sociais e políticos ligados à luta pela terra.

Refletindo o tema Sucessão rural familiar, políticas públicas e sustentabilidade social, a romaria reuniu certa de 12 mil romeiros e romeiras engajados no compromisso de transformação social. Caminhando cerca de 2 km da paróquia Sagrada Família ao Módulo Esportivo Municipal, os romeiros denunciavam as diversas situações de morte dos povos da terra e anunciavam experiências promotoras de vida.




Carta do 10° Acampamento das Juventudes e  38° Romaria da Terra do RS




A 38ª Romaria da Terra e o 10º Acampamento da Juventude são frutos de meses de trabalho nas comunidades e nos movimentos, envolvendo inúmeras entidades, entre elas mais de 15 organizações juvenis, pastorais e movimentos do campo e da cidade. Para o enriquecimento da caminhada ecumênica, fizeram-se presente também os irmãos e as irmãs da Pastoral Popular Luterana. Embalados pelo dinamismo do Espírito de Deus, que nos chama sempre de novo a continuar na construção da justiça e da paz, da Terra Sem Males, de Um Outro Mundo urgentemente Necessário e Possível, da Civilização do Amor, da Cultura de Paz e do Bem-Viver.

Nesse espírito, nos dias do carnaval de 2015, de 15 a 17 de fevereiro, em torno de 500 jovens do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina, estiveram reunidos no módulo esportivo municipal de David Canabarro, juntando-se aos demais milhares de Romeiros e Romeiras, compromissados/as com os valores e as causas da “Sucessão Rural Familiar, Políticas Públicas e Sustentabilidade Social”, que garantam que a Terra seja um dom para a vida e não objeto para negócio, como disse Deus a Abraão “Eu darei esta terra à sua descendência” (Gn 12,7) e que Sepé reafirmou na luta do povo índio contra a ocupação imperialista, bradando “Alto lá! Esta terra tem dono!”

Os/as Romeiros/as do 10º Acampamento da Juventude foram acolhidos/as com entusiasmo por uma equipe de jovens desde a madrugada do domingo, que prepararam com muito trabalho e amor, o espaço para o Acampamento e a Romaria. Logo todas as delegações se integraram e, com vibrante energia e alegria, com palavras de ordem, canções diversas e muito debate, foram reafirmando a disposição de serem sujeitos protagonistas de uma nova sociedade, justa, solidária, equitativa, plural e ecológica.

Refletimos sobre a realidade, ouvimos os clamores que brotam das mais diversas situações de exploração e opressão, geradas pelo sistema capitalista, sobretudo na presente fase neoliberal. Procuramos compreender os desafios que nos são colocados, aprofundando o processo de transformação, para que haja vida digna e abundante para todos e todas.

Neste debate percebemos que vários projetos estão em disputa. Todos se apresentam como caminhos de felicidade. Numa época em que vivemos muitas mudanças, ou mesmo uma mudança de época, precisamos compreender e discernir o que defende a vida, colocando no centro o respeito ao ser humano e à vida na Terra. Faz-se necessário resgatar os saberes tradicionais e populares libertadores de tantos povos, que até hoje resistem e ensinam valores fundamentais dos quais não se pode abrir mão.

A partir desta reflexão, celebrou-se em comunhão com as mais variadas expressões de fé, de organização popular e realidades juvenis, resgatando a caminhada das Romarias da Terra e dos Acampamentos das Juventudes. Dessa forma, foram consolidados e reafirmados os seguintes compromissos, como sinal de renovação da Aliança do povo com o Deus da Vida:

- Denunciar o sistema capitalista como intrinsecamente perverso, pois sua lógica de acumulação a qualquer preço, movido pela ganância, gera as divisões sociais, exploração, opressões diversas, sofrimento e morte.

- Defesa da democracia e do direito do povo brasileiro escolher o seu caminho.

- Lutar contra a privatização dos serviços públicos.

- Combater a desmoralização, a criminalização e a repressão dos Movimentos Sociais Populares e suas causas.

- Retomar e aprofundar a defesa da Reforma Agrária, condição inclusive para avançar na agroecologia e na agricultura familiar e camponesa.

- Denunciar o agronegócio como um sistema que tem como lógica o lucro e se sustenta na exploração do trabalho e dos recursos naturais, em contradição com a lógica da agricultura familiar e camponesa.

- Defender os diversos sistemas da biodiversidade e fortalecer a luta contra os agrotóxicos e as sementes transgênicas, valorizando um modelo de produção e consumo saudáveis, pelas práticas da agroecologia, sem ter medo de mudanças.

- Exigir políticas públicas para a produção, distribuição e consumo agroecológico, incluindo o apoio à transição de modelos.

- Fortalecer a política como a ação em favor do bem comum, essencial nos processos de mudança da realidade, e como uma forma eficaz de amor ao próximo.

- Investir no fortalecimento do trabalho de base e na aproximação dos explorados e excluídos.

- Lutar pela equidade de gênero reconhecendo o protagonismo das mulheres, sua participação nos espaços de poder e decisão de nossa sociedade.

- Garantir uma educação do campo e na cidade que valorize as especificidades do espaço geográfico e ao mesmo tempo implemente as políticas de educação inclusiva, de gênero e não-sexista.

- Respeitar e considerar justa toda forma de AMOR.

- Defender políticas públicas substantivas para a população trabalhadora, em especial para a juventude através de um processo de trabalho de base permanente.

 - Assegurar a participação da juventude e da população trabalhadora nos espaços de construção das políticas públicas e do controle social do Estado.

- Exigir o compromisso do congresso com o Plebiscito oficial por uma Constituinte Exclusiva e Soberana pela Reforma do Sistema Político.

- Construir novos espaços de formação permanente sobre a questão de gênero, envolvendo homens e mulheres, na perspectiva de superação de todas as formas de patriarcalismo, sexismo, machismo e violências contra as mulheres em todos os espaços da vida.

- Investir em formas de comunicação para garantir o direito fundamental à informação, que nos convoca ao engajamento na luta pela democratização dos meios de comunicação.

- Promover um processo de conscientização referente à demarcação das terras indígenas e quilombolas e o direito de produção dos pequenos agricultores. Considerando que tanto os pequenos agricultores, quanto os indígenas e quilombolas são vítimas do colonialismo, sendo que a união de suas forças é necessária para a garantia do acesso à Terra e às suas justas indenizações.

- Denunciar e combater a violência e o extermínio das Juventudes em especial da juventude pobre, negra e marginalizada.

- Exigir uma política nacional que reconheça os direitos dos atingidos pela construção de barragens. Lutar contra a construção de novas barragens, como a de  Garabi e a de  Panambi, pois queremos “águas para a vida e não águas para a morte”.

Animados e encorajados por tantas testemunhas que doaram suas vidas por estas causas, e, inspirados pelas palavras do Papa Francisco no encontro com os movimentos populares, que reafirma que “O amor pelos pobres está no centro do Evangelho” e que “Terra, teto e trabalho são direitos sagrados”. Acreditamos no Reino de Deus, cuja plenitude só se realizará quando não houver “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”. Renovamos o desejo de que os bons frutos desta Romaria da Terra possam repercutir na vida de todas as nossas Comunidades de fé e de luta.



David Canabarro, 17 de fevereiro de 2015.




Fonte: Arquidiocese de Passo Fundo.

Casa da Partilha: Pelo Reino aqui e agora- [Re]Ver e [Re]Organizar nossa Missão.




Aos Companheiros e As Companheiras,


10° Acampamento da Romaria da Terra do RS
    Não nos é permitido desistir!  Nós que fomos tocados/as de uma maneira mística e revolucionária pelo Reino de Deus não podemos abandonar nossas lutas, muitas são as forças contrarias que nos desanimam, mas o desejo pelo bem comum deve ferver nosso sangue.
  Esse desejo do bem comum deve nos levar a retomar nossa organização, nossa atuação e caminhada... E esse ano de 2015 já inicia exigindo um olhar atento pra nosso povo e nossa sociedade e é isso que nossa igreja nos pede na Campanha da Fraternidade desse Ano com o tema Fraternidade: Igreja e Sociedade e o Lema, Eu vim para servir.
  Por isso, com esperança na união e construção comunitária convidamos as lideranças das comunidades eclesiais, agentes comunitários, jovens e assessores/as da PJ, movimentos juvenis, agentes políticos, irmãos e irmãs de outras igrejas que comungam das mesmas esperanças a somar seus sonhos aos nossos sonhos na construção do Outro Mundo Possível durante nossa próxima reunião da Casa da Partilha e nos ajudar na construção do 28° Encontro Arquidiocesano de CEBs que acontecerá em novembro com o tema: CEBs- Fermento de Transformação da Sociedade e Lema: Povo de Deus, Dialogando com as Realidades a Serviço da Vida.

38° Romaria da Terra do RS
     A “Casa da Partilha” é o lugar onde se vivencia a experiência criadora das comunidades na Arquidiocese de Porto Alegre. É um espaço democrático onde se partilha fraternalmente a CAMINHADA DAS CEBs dos Vicariato, da Arquidiocese, do RS e do Brasil.

É o local de referência, instância pastoral e eclesial, onde se veiculam as informações e se decidem coletivamente as questões que dizem respeito às CEBs, bem como se planeja, programa e organiza as questões práticas dos Encontros Intereclesiais e da vida das CEBs. 
Nesse encontro se reúnem as lideranças das CEBs do Vicariato para trocar experiências comunitárias, fortalecer a espiritualidade libertadora, se capacitar e de reafirmar o compromisso com uma Igreja Profética e Missionária, sinal e testemunha do Reino de Deus. “Comunhão de vida” dos que sonham com uma Igreja que nasce da fé do Povo simples e da “base social” mais pobre da sociedade.

38° Romaria da Terra do RS


 Encontro da Casa da Partilha

Quando: 22 de fevereiro ás 13h45m
Onde: Comunidade Sagrado Coração de Jesus
Endereço: Rua Marechal Mallet, 112 – Bairro Harmonia - Canoas

Como chegar:
-Trensurb – Estação Canoas – ônibus integração Harmonia (VICASA), descer em Surdinas Zandoná (R. República com a Clóvis Biviláqua – voltar pela Eça de Queiroz, Carlos Gomes e Marechal Mallet).
-Trensurb – Estação Canoas (descendo à pé – 15 minutos), pegar a Rua Coronel Vicente, Saldanha da Gama, Coronel Camisão, Marechal Mallet.
-Porto Alegre (empresa VICASA - Viaduto da Conceição), descer em Surdinas Zandoná (R. República com a Clóvis Biviláqua – voltar pela Eça de Queiroz, Carlos Gomes e Marechal Mallet).
-Centro de Canoas (lado direito do trensurb), empresa SOGAL, Linha Vila Cerne, descer na parada 42.
-Centro de Canoas (lado direito do Trensurb), empresa SOGAL, Linha Porto Belo, descer na parada 42.

Contato: Fr. Wilson – 9991-1668 ou Secretaria – 34722883



Com as Bençãos das Mães e Pais do passado e a Força Renovadora das Juventudes.
Coragem e Ousadia!