Os 72
bispos participantes do 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs), realizado de 7 a 11 de janeiro, em Juazeiro do Norte, diocese de Crato
(CE), enviaram uma carta ao povo de Deus, na qual demonstram
sensibilidade aos “gritos dos excluídos que ecoaram” no evento. “(…) gritos de
mulheres e jovens que sofrem com a violência e de tantas pessoas que sofrem as
consequências do agronegócio, do desmatamento, da construção de
hidrelétricas, da mineração, das obras da copa do mundo, da seca prolongada no
nordeste, do tráfico humano, do trabalho escravo, das drogas, da falta de
planejamento urbano que beneficie os bairros pobres; de um atendimento digno
para a saúde…”, afirmam.
Na carta,
os bispos também reafirmam o “empenho e compromisso de acompanhar, formar e
contribuir na vivência de uma fé comprometida com a justiça e a profecia,
alimentada pela Palavra de Deus, pelos sacramentos, numa Igreja missionária
toda ministerial que valoriza e promove a vocação e a missão dos cristãos
leigos (as), na comunhão”.
Segue, na
íntegra, o texto:
Irmãs e
Irmãos,
“Vós sois
o sal da terra (…) Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13.14).
Nós,
bispos participantes do 13º Intereclesial de CEBs, em número de setenta e dois,
como pastores do Povo de Deus, dirigimos nossa palavra a vocês participantes
das Comunidades Eclesiais de Base com seus animadores e animadoras e demais
irmãs e irmãos que assumem ministérios e outras responsabilidades.
Em
Juazeiro do Norte (CE), terra do Padre Cícero Romão Batista, na centenária
diocese de Crato, nos encontramos com romeiros e romeiras, e com eles também
nos fizemos romeiros do Reino.
Acolhemos
com muita a alegria a carta que o Papa Francisco enviou ao Bispo Diocesano D.
Fernando Pânico trazendo a mensagem aos participantes do 13º intereclesial das
CEBs e que foi lida na celebração de abertura.
Participamos
das conferências; dos testemunhos no Ginásio poli-esportivo, denominado
Caldeirão Beato José Lourenço; de debates e grupos em diversas escolas (ranchos
e chapéus) situadas em diversas áreas das cidades de Juazeiro e do Crato; das
visitas missionárias às famílias e a algumas instituições; da celebração em
memória dos profetas e mártires da fé, da vida, dos direitos humanos, da
justiça, da terra e das águas realizada no Horto onde se encontra a grande
estátua de Pe. Cícero comungando com a causa dos pobres: povos indígenas,
quilombolas, pescadores artesanais e demais sofredores e com a causa do
ecumenismo na promoção da cultura da vida e da paz, do encontro. Tivemos
também a grande alegria de participar da celebração eucarística de encerramento
na Basílica de Nossa Senhora das Dores quando todos os presentes foram enviados
para que no retorno às comunidades de origem possamos ser de fato sal da terra
e luz do mundo.
Estamos
vendo como as CEBs estando enraizadas na Palavra de Deus, aí encontram luzes
para levar adiante sua missão evangelizadora vivenciando o que nos pede a
todos o lema: “Justiça e Profecia a serviço da vida”. Desse modo, cada comunidade
eclesial vai sendo sal da terra e luz do mundo animando os seus participantes a
darem esse mesmo testemunho.
Muito nos
sensibilizaram os gritos dos excluídos que ecoaram neste 13º intereclesial:
gritos de mulheres e jovens que sofrem com a violência e de tantas pessoas que
sofrem as consequências do agronegócio, do desmatamento, da construção de
hidrelétricas, da mineração, das obras da copa do mundo, da seca prolongada no
nordeste, do tráfico humano, do trabalho escravo, das drogas, da falta de
planejamento urbano que beneficie os bairros pobres; de um atendimento digno
para a saúde…
Sabemos
dos muitos desafios que as comunidades enfrentam na área rural e nas áreas
urbanas (centro e periferias). Nossa palavra é de esperança e de ânimo junto às
comunidades eclesiais de base que, espalhadas por todo este Brasil, pelo
continente latino-americano e caribenho e demais continentes representados no
encontro, assumem a profecia e a luta por justiça a serviço da vida. Desejamos
que sejam de modo muito claro e ainda mais forte comunidades guiadas pela
Palavra de Deus, celebrantes do Mistério Pascal de Jesus Cristo, comunidades
acolhedoras, missionárias, atentas e abertas aos sinais da ação do Espírito de
Deus, samaritanas e solidárias.
Reconhecendo
nas CEBs o jeito antigo e novo da Igreja ser, muito nos alegraram os sinais de
profecia e de esperança presentes na Igreja e na sociedade, dos quais as CEBs
se fazem sujeito. Que não se cansem de ser rosto da Igreja acidentada, ferida e
enlameada por ter saído pelas estradas e não de uma Igreja enferma pelo
fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças, como nos exorta
o querido Papa Francisco (cf. EG 49).
Para
tanto, reafirmamos, junto às Cebs, nosso empenho e compromisso de acompanhar,
formar e contribuir na vivência de uma fé comprometida com a justiça e a
profecia, alimentada pela Palavra de Deus, pelos sacramentos, numa Igreja
missionária toda ministerial que valoriza e promove a vocação e a missão dos
cristãos leigos (as), na comunhão.
Com o
coração cheio de gratidão e esperança, imploramos proteção materna da Virgem
Mãe das Dores e das Alegrias.
Juazeiro
do Norte, 11 de janeiro de 2014, festa do Batismo do Senhor.
Fonte: CNBB
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