Foi
divulgada a carta do 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de
Base (CEBs) ao papa Francisco, na qual os romeiros agradecem a mensagem enviada
pelo pontífice, por ocasião do evento. “Sua carta nos chegou como uma luz a
iluminar o caminho, reacendendo em nós a esperança numa Igreja, Povo de Deus”,
afirmam.
Os romeiros também manifestam gratidão a
Francisco “por fazer do ministério papal uma profecia contra a economia da
exclusão, que hoje domina o mundo e defender os migrantes e clandestinos pobres
da África e de outros continentes”.
Segue, na íntegra, a carta enviada ao papa
Francisco.
Querido irmão, bispo de Roma e pastor primaz da
unidade,
Papa Francisco,
Nós, cristãos e cristãs, leigos das comunidades
eclesiais de base, agentes de pastoral, religiosos/as, diáconos, padres e
bispos, assim como irmãos de Igrejas evangélicas e de outras tradições
religiosas. Também tivemos conosco nesse encontro representantes de povos
indígenas, quilombolas e ainda irmãos e irmãs, vindos de outros países da
América Latina e Caribe, assim como de outros continentes. Todos nós que participamos
do 13º Encontro intereclesial das comunidades eclesiais de base queremos
expressar ao senhor nosso agradecimento pela bela e profunda carta que nos
enviou e foi lida no início desse encontro. Sua carta nos chegou como uma luz a
iluminar o caminho, reacendendo em nós a esperança numa Igreja, Povo de Deus.
Aproveitamos a oportunidade para nos unir ao seu
esforço por renovar as Igrejas da comunhão católico-romana, de acordo com a
teologia e a espiritualidade do Concílio Vaticano II, relidas e atualizadas
pelas necessidades do mundo atual e pela urgência de que nós, cristãos,
escutemos “o que o Espírito diz hoje às Igrejas” (Cf. Ap 2, 7).
Percebemos que a maioria da humanidade acolhe com
gratidão o seu testemunho de homem de profunda simplicidade e que se revela
discípulo de Jesus na linha do evangelho. Nós lhe agradecemos por fazer do
ministério papal uma profecia contra a economia de exclusão, que hoje domina o
mundo e defender os migrantes e clandestinos pobres da África e de outros
continentes. Igualmente lhe agradecemos por reconhecer o papel da mulher na
caminhada eclesial e esperamos que essa reflexão seja aprofundada.
Aqui em Juazeiro do Norte, CE, diocese de Crato,
as comunidades eclesiais de base reafirmam sua vocação, no jeito de ser Igreja das
primeiras comunidades e também no espírito das missões populares e das casas de
caridade do Padre Ibiapina, do padre Cícero Romão Batista, do leigo José
Lourenço, assim como de tantas mulheres santas como Maria Araújo, irmãos e
irmãs que nos precederam nesse caminho de sermos Igreja dos pobres e com os
pobres, cebs romeiras do campo e da cidade, na comunhão com a Mãe Terra e toda
a natureza. Aqui, acolhemos e nos solidarizamos com os povos indígenas,
ameaçados no seu direito à posse de suas terras ancestrais e todos os dias
vítimas de violência e até de assassinato. Também nos impressionou o relato de
extermínio de jovens pobres e negros, em várias regiões do nosso país. E nos
solidarizamos com a luta e resistência dos quilombolas e do povo lavrador, ameaçados
pelos grandes projetos do Capitalismo depredador do ambiente e injusto para com
a maioria da humanidade.
Entre suas palavras e gestos, algo que nos toca
muito de perto é o fato do senhor se apresentar como bispo de Roma e primaz da
unidade das Igrejas. Essa atitude básica permitirá retomar o reconhecimento que
o Concílio Vaticano II fez da plena eclesialidade das Igrejas locais e
encontrar a profunda verdade que esse nosso encontro quer expressar, ao se
chamar “intereclesial” de Cebs: um encontro de igrejas locais, reunidas a
partir das comunidades eclesiais de base e desse modo da Igreja ser. Conte
conosco nesse caminho e que Deus o ilumine e o fortaleça sempre.
Despedimo-nos, nos comprometemos de sempre orar
pelo senhor e por todas as suas intenções. Pedimos sua bênção apostólica e nos
colocamos à sua disposição para vivermos juntos a justiça e a profecia a
serviço da vida. Na festa do Batismo de Jesus de 2014.
Fonte: CNBB
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