Em 04 de março, Terça-feira de Carnaval,
o RS vive sua 37ª Romaria da Terra, desta vez no Vicariato de Guaíba –
Arquidiocese de Porto Alegre, com o tema: “Cultivar Vida Saudável”. O
local do evento será o Assentamento Lagoa do Junco, em Tapes/RS. A
romaria mobiliza a Igreja do RS e se tornou um compromisso permanente do
Regional Sul 3 da CNBB. É evento eclesial com repercussões para toda
sociedade. Uma das suas curiosas características é a realização no dia
do Carnaval, portanto, um Carnaval diferente que prenuncia a Campanha da
Fraternidade, no espírito quaresmal, que faz caminhar para a Páscoa.
Vejamos algumas reflexões sobre esta
romaria, segundo o Jornal VOZ DA TERRA (Publicação da Comissão Pastoral
da Terra do RS, Ed. Novembro 2013, p. 10). Com a preocupação de cultivar
vida saudável, a temática tenta resgatar e valorizar o agricultor e a
agricultora, os protagonistas da produção dos alimentos naturais de
qualidade; alimentos saudáveis que não foram produzidos com venenos, mas
na agricultura de agroecologia, termo proveniente da composição de
palavras gregas [Agro (agros) = campo; eco (oikos) = casa; logia (logos)
= estudo]. Portanto, AGROECOLOGIA é fazer agricultura, respeitando a
grande casa, o planeta, os seus habitantes, ou seja, toda
biodiversidade.
A prática agroecológica é antiga, mas na
última metade do século passado a agricultura tornou-se mais artificial
e com uso massivo de venenos. Nós conhecemos as consequências dessa
prática para nossa saúde e todo ecossistema. Queira Deus que a atual
geração ainda possa ouvir frases como esta: “No tempo em que ainda se
usava venenos para produzir alimentos...”. As Romarias da Terra são
momentos privilegiados para caminhar com o povo que vive na terra e dela
produz seu alimento saudável, assim como o de tantos outros.
Faz muito bem ouvir depoimentos sábios,
como o da sra. Simone Pegoraro (Farroupilha): “A Romaria da Terra nos
faz entender cada vez mais que é preciso cuidar da Terra e de toda a
vida no planeta. A terra é bem mais do que apenas produtora de alimento.
A terra é um espaço mínimo para o desenvolvimento da vida. É esse
espaço de promoção e valorização da vida que a Romaria da Terra nos
traz... Nosso trabalho na Terra é sermos as mãos, os pés, as palavras e
as ações do amor, na preservação da natureza e no cuidado com o outro,
fortalecendo a cultura do Bem Viver” (Jornal VOZ DA TERRA, o.c., 12).
Dom Alessandro Ruffinoni, bispo de
Caxias do Sul, na preparação da última Romaria, assim se expressava: “As
Romarias da Terra, aqui no Estado, sempre tiveram o objetivo de ser uma
profecia que, de um lado, denunciam a desigualdade e injustiças que
existem no campo e, de outro, propõem a solidariedade, a cooperação e um
desenvolvimento sustentável em vista do bem comum ou bem viver”
(Ibidem).
Em sintonia com a 37ª Romaria da Terra,
concluímos com a oração proposta para a mesma:
“Senhor Deus da Vida, vós
que criastes o firmamento, a água, a terra e tudo o que nela existe;
Vós que criastes o homem e a mulher para cuidarem do jardim e da vida,
inspirai-nos e ensinai-nos a cultivar uma vida saudável. Vós que viveis
na perfeita Comunidade de amor, orientai nossas mentes, nossos corações e
nossas famílias para o trabalho cooperativo, a fim de que a produção de
alimentos seja fruto da união de esforços e de políticas públicas
favoráveis. Fazei que todas as pessoas cuidem da terra e de todos os
bens da natureza, saibam respeitar a terra na sua condição de produção
saudável; Pela intercessão da Sagrada Família de Nazaré, inspirai quem
cultiva a terra e conduza a todos nos caminhos do desenvolvimento
sustentável e da justa distribuição dos bens da criação. Amém. Axé.
Assim seja!”.
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